MARO E A FELICIDADE DAS PRIMEIRAS COISAS

JORNALISMO É PUBLICAR AQUILO QUE ALGUÉM NÃO QUER QUE SE PUBLIQUE. TUDO O RESTO É PUBLICIDADE - GEORGE ORWELL

Leitor regular do jornal Público, deparei com uma notícia sobre uma nova artista portuguesa de quem nunca tinha ouvido falar mas que imediatamente me chamou a atenção.
 
Como é natural, comecei a investigar na internet. Aqui vai o que fiquei a saber:
 
Mariana Secca, ou Maro – alcunha que adoptou como nome artístico – nasceu num ambiente familiar marcado pela música, com uma avó pianista, mãe professora e pai músico não profissional.
 
Tem 23 anos, é lisboeta de ascendência italiana, irlandesa e cabo-verdiana.
 
Começou a tocar piano aos 4 anos, a compor aos 11 e aos 13 aprendeu sozinha a tocar guitarra.
 
Frequentou durante três anos a Berklee College of Music, de Boston, Massachusetts, fundada em 1945 e considerada a maior faculdade independente de música do mundo, tendo completado o curso em Dezembro passado.
 
Actualmente vive em Los Angeles, Califórnia, numa fase de “descoberta, entrar de cabeça e ver no que dá”. “Comecei a dar aulas para juntar algum dinheiro, de resto é ir a sessões, gravar, escrever, trabalhar em casa, ir conhecendo pessoas que inspiram”.
 
Rui Veloso aposta nela como revelação musical de 2018: “compõe , toca e canta bem em várias línguas” e “tem uma voz rara”.
 
Ao longo das consultas que fiz na internet deu para perceber a grande profusão de notícias semelhantes sobre o seu percurso e que acabavam sempre na divulgação dos seus dois primeiros concertos em nome próprio, como profissional.
 
A felicidade das primeiras coisas tinha agendamento para o dia 6 de Julho no Teatro Capitólio, em Lisboa e, dois dias depois, para a Casa da Música, no Porto. A sinopse do espectáculo apresentava Maro como “talentosa multi-instrumentista de voz singular e cheia de personalidade”.
 
Imagens do concerto no renovado Capitólio do Parque Meyer:


 


Em dueto com Carolina Deslandes que contou como se conheceram: “descobri-a em vídeos na internet e sabia que havia ali uma estrelinha e que o lugar da Mariana era em salas como esta, cheias até ao tecto”.

  



Entretanto, recolhi também alguns excertos de comentários publicados nas redes sociais sobre o concerto de Lisboa:
 
Anunciada como “o segredo mais bem guardado da música portuguesa”, Maro estreou-se no Capitólio com casa cheia, na noite que marca o seu primeiro grande passo no território musical português.

 

“... uma noite de imersão numa voz única e quente.”

  

“... canções carregadas de melancolia numa voz tão especial como há muito não se ouvia... “

 



“... não há stress da semana que não desapareça, não há angústias que não se dissipem, quando a sua voz quente, firme e completa enche a sala, como um gigante.”
 

 


Dueto com a sua irmã Matilde
 

 

 
“... jovem cantora e compositora portuguesa de voz envolvente e segura...”
 

  

 
“Tudo em Maro sabe a verdade, porque corajosamente humilde. E porque claramente alicerçado num Dom e numa formação de excelência, bem aproveitada e bem vivida.”
 

  


 
Com a sua desconcertante simplicidade, disse no final do alinhamento:
“Ainda não sou uma grande artista portanto posso dizer-vos que vamos sair e voltamos já para o encore.”
  

 
Cami/bateria, Mariana Secca, Mário Franco/baixo eléctrico, Manuel Rocha/guitarra eléctrica e Matilde Secca/voz
  

Esta notícia, como sentenciou Orwell, é publicidade pura. É uma verdade insofismável, mas hoje é precisamente esse o meu objectivo.
 
Façam um favor a vocês próprios e mantenham-se atentos: chama-se Maro e tem, além da sua encantadora timidez, uma voz maravilhosa.

Irá dar que falar.
 
E eu estou todo vaidoso. Tive o privilégio de fotografar o seu primeiro concerto e de ter conseguido o original do alinhamento como recordação. Mas não só. A folha está autografada simpaticamente com a frase “Obrigada por terem vindo!” e foi, garanto-vos, o primeiro autógrafo que Maro deu naquela noite.
 


Também vivi a felicidade das primeiras coisas.